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domingo, 12 de março de 2017

Aquece-me

Eu vi como me olhaste, a maneira como me tocavas, o desejo com que me quiseste. Eu senti, cedi cada partícula, deixei-me conquistar. Não vi amor, também não o procurei, nem tive qualquer intenção de o encontrar no teu aspecto delirante estendido na minha cama. Mas gostei da maneira como não me negaste nada, como dormiste agarrado a mim como se dormisse-mos juntos todas as noites como um jovem casal apaixonado quase a dar o nó.
Agora, vou deixando cada pedaço do meu coração, já há muito pedra, gelo (AQUECE-ME, como um grito de socorro), em cada lençol que reveste um corpo, em cada gemido de um nome diferente. Vou-me perdendo em cada peça de roupa rasgada por umas mãos que só anseiam correr o meu físico e não o mundo na companhia do mesmo.
Mas, ainda sinto os teus dedos embriagados a escorregarem pela minha seda nua como se fosse um destino inocente que nos seguisse até à cama. Acabo por te sentir em cada toque alheio, ainda te anseio mas não te quero nem espero que abras a porta para me guardares numa vida a meias, que me reclames como tua e só tua como eu me apodero dos sapatos da minha mãe sem que ela suspeite.
Dizem que a primeira vez que despimos alguém é o momento em que se fica mais perplexo por descobrir as curvas debaixo dos trajes... o teu surpreende-me sempre que raspo as unhas levemente na tua carne, como se tivesses escrito poesia complexa em cada centímetro, mil e um significados da palavra etimológica pecado.
Estiveste no meu quarto uma noite destas, apenas para trocar umas quantas palavras banais, as minhas paredes guardaram o teu cheiro, mesmo depois de terem sido invadidas pelo suor de outros, pelo fumo de alguns cigarros sem serem os meus.
Nem peço que me ofereças a tua companhia nocturna, apesar de nunca a negar... dá-me apenas paz, abandona-me a alma.
Contudo, despede-te do meu físico, marca-me com a tua colónia uma última vez, vem-te e depois vai-te... como um final feliz duma história de amor que nunca existiu.

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